Soneto da tristeza
- Katherine Carvalho
- 25 de set. de 2022
- 1 min de leitura
Atualizado: 20 de out. de 2024

Não devia ser assim tão solitário
Nem triste, nem azedo e nem amargo
Seu sorriso não devia ser tão pálido
Nem meu abraço pesado como um fardo
Às vezes sinto que o mundo está acabando
Meu peito incha, dilata e esvazia
Posso ficar para sempre perdido e vagando
Sem você para me servir de guia
Mas minha vida tem terminado de repente
Sem aviso, sem alarme, sem lembrete
A tristeza consome feito um buraco negro
Tenho chorado lágrimas macias e quentes
Que molham a terra, chão duro e seco
Frutificam como férteis sementes
Crescem, desabrocham, duram pra sempre
Um recado da autora: este soneto da tristeza é também sobre esperança
Sei que às vezes a solidão ameaça te consumir, mas o soneto da tristeza, com sua cadência lenta e melódica, está aqui para te lembrar que até a lágrima pode fazer um terreno infértil frutificar e durar para sempre.
Me senti tão representada pelo verso "Às vezes sinto que o mundo está acabando", nossas mentes são monstrinhos ardilosos. O sol pode estar no ponto mais alto do céu, mas só existe neblina quando a melancolia habita. ?
Tem algo sobre a tristeza que vicia, algo que nem a medicina explica, que só se descobre sentindo. Ela se torna física, dá para sentir nos ossos, e, de tão nossa, parece que não dá para desvencilhar da personalidade. É insano!
É uma batalha contundente encarar isso de frente, mas ignorar piora, disse Freud, com outras palavras rebuscadas. É aquilo, assim como não se deve acreditar em qualquer coisa da internet, não se deve acreditar em tudo que a mente pensa. Não…